Câncer de pele é o mais freqüente no Brasil, com um quarto das ocorrências; exposição ao sol sem cautela é o fator determinante
O INCA (Instituto Nacional do Câncer) aponta que os tumores de pele correspondem a 25% do total de casos de câncer registrados no país. Levando em conta que mais de 50% da população tem a pele clara e que o Brasil situa-se em uma zona de alta incidência de radiação ultravioleta – relacionada ao aparecimento da doença –, a prevenção deveria ser um hábito diário. Mas tão grave quanto a falta de conscientização é a desinformação: poucas pessoas sabem exatamente como escolher e usar o protetor solar.
O Sol emite raios Ultravioleta A, 95% dos que atingem a Terra, e Ultravioleta B, os 5% restantes. A classificação corresponde ao comprimento de ondas. Os raios UVA penetram mais profundamente na pele e são os principais responsáveis pelo envelhecimento. Com a destruição da camada de ozônio, os raios UVB, relacionados ao surgimento do câncer, têm aumentado progressivamente a incidência na superfície.
A falta de conhecimento pode criar uma falsa sensação de segurança, gerando comportamentos inadequados. "O mais importante é entender que há filtros solares que reduzem os efeitos das radiações UVA e UVB, enquanto outros têm apenas ação anti-UVB. Além do mais, este tipo de produto não é uma armadura contra sol. É preciso passá-lo de maneira correta e em todas as partes do corpo, além de evitar os horários de maior incidência solar", explica Beni Grinblat, dermatologista do Hospital Albert Einstein, de São Paulo.
Como escolher
Quatro itens devem ser avaliados a partir de uma leitura atenta do rótulo: fator de proteção; apresentação (em gel, oil free, loção, creme, emulsão ou spray); ação (somente contra UVB ou contra UVA e UVB); e se existe na fórmula, além do filtro químico, algum agente físico (bloqueador solar).
No caso de pele oleosa, é melhor ficar com as versões em gel, oil free ou loção. O creme é mais indicado para pessoas com a cútis ressecada. Por último, a pele normal se adapta bem à emulsão ou a qualquer outro tipo. O spray é o mais prático, indicado para áreas extensas do corpo, tais como pernas e costas.
Peles acneicas (com tendência à formação de acne) pedem produtos com ação não-comedogênica, informação que normalmente ocupa lugar de destaque no rótulo. Por impedir que a pele fique oleosa, o produto evita a formação de cravos e espinhas. Se existe um histórico de alergia, o ideal é escolher um protetor hipoalergênico, sem cheiro e com menor possibilidade de causar reações indesejadas.
O fator de proteção é, na maioria dos casos, relativo aos raios UVB. Por não haver padronização seguida pela comunidade médica internacional para a radiação UVA, não existe especificação para o bloqueio desta. Isso explica a ausência de qualquer referência na maior parte das embalagens. Algumas poucas marcas colocam o fator de proteção UVA no rótulo.
A escolha do protetor ideal depende de tolerância aos raios solares e da cor da pele. O cálculo é simples: com o fator 15, por exemplo, a pessoa pode ficar um tempo 15 vezes superior sob o sol para não se queimar na comparação com o tempo que ela poderia ficar sem proteção. Os produtos com fator 30 normalmente dão conta do recado. Apenas em casos especiais, como o de pessoas albinas, faz-se necessário um fator especial de proteção.
O índice de proteção representa a relação direta entre o tempo que a pessoa pode ficar ao Sol e a porcentagem bloqueada de raios solares: Fator 8 (proteção: 87,5%); 15 (93,3%); 20 (95%); 25 (96%); 30 (96,6%); 40 (97,5%) e 50 (98%).
Como usar
O protetor tem de ser aplicado sobre a pele seca, 30 minutos antes da exposição aos raios solares. Com a pele molhada ou em contato com a areia, pode perder a eficácia. O fator real de proteção varia de acordo com a espessura da camada de creme aplicada, a freqüência da aplicação, a perspiração (transpiração insensível e contínua da pele) e a exposição à água.
A maior parte deles tem suposta ação à prova d’água por 80 minutos. Especialmente na praia, em contato com a água do mar, o produto tende a perder a eficiência rapidamente. Portanto, deve ser reaplicado assim que a pessoa sai da água. O mesmo vale para a prática de atividades físicas que provoquem transpiração excessiva. A indicação é sempre aplicá-lo a cada duas horas.
Fonte: Dr. Beni Grinblat, dermatologista do Hospital Albert Einstein